isaA Mata Atlântica é muito rica em biodiversidade, mas encontra-se ameaçada pelos altos níveis de desmatamento e outros distúrbios humanos praticados desde o século 16, quando os portugueses chegaram ao Brasil. Segundo dados de um artigo publicado esse ano por Camila Rezende (UFRJ) e colaboradores, hoje a cobertura vegetal da Mata Atlântica está em torno de 28%. A maior parte dessa floresta é formada por fragmentos pequenos, com menos de 50 hectares. E o desmatamento continua a ocorrer, a uma taxa de 1% ao ano, como aponta a Plataforma Intergovernamental de Biodiversida de Serviços Ecossistêmicos (IPBES). A situação é ainda pior na região metropolitana de São Paulo, onde a taxa de perda de vegetação pode chegar a 2.9% ao ano.  

A perda de vegetação tem impactos grandes para alguns serviços que a natureza oferece ao ser humano. Alguns exemplos desses serviços são a proteção de rios e nascentes, como as do sistema Cantareira, a proteção do solo (evitando deslizamentos de terra), e a regulação climática (ao estocar carbono e reduzir as concentrações de CO2 livre na atmosfera).

E é justamente o estoque de carbono o tema do primeiro vídeo sobre as pesquisas desenvolvidas no Programa. No vídeo, a doutoranda Isabella Romitelli, do Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação (Lepac), conta sobre sua linha de pesquisa e alguns dos resultados obtidos até o momento. Veja o vídeo aqui

Para realizar sua pesquisa, a Isabella e sua equipe fizeram um inventário em campo de todas as árvores vivas na área de estudo, localizada no Sistema Cantareira em São Paulo. Para isso, ela mediu as árvores cujos troncos tinham mais de 15 cm de circunferência à altura do peito e coletou dados de diâmetro e altura, além de identificar a espécie de cada indivíduo. Com esses dados, a Isabella pôde estabelecer relações matemáticas entre diâmetro e altura, chamadas de equações alométricas, e estimar a biomassa de cada árvore identificada. As estimativas e as equações, que precisam ser ajustadas a cada espécie de planta, são baseadas em outras árvores de diâmetro, altura, densidade de madeira e biomassa conhecidos, dados muitas vezes extraídos em áreas com morte de árvores em grande escala, como é o caso de desmatamentos autorizados. Com a estimativa de biomassa em mãos e sabendo que cerca de 50% da biomassa estimada em florestas como a do Sistema Cantareira é carbono, Isabella calculou o estoque de carbono em sua área de estudo. 

lidar
Seus resultados foram refinados com o uso de uma tecnologia recente chamada LiDAR. O LiDAR (sigla em inglês para "Detecção de Luz e Alcance") funciona como um radar. A diferença é que o radar se baseia na emissão de ondas de rádio, que colidem com objetos e retornam para o sensor, enquanto que o LiDAR utiliza uma fonte de laser que emite raios de luz. A depender do comprimento e da intensidade da luz refletida, é possível calcular a distância dos objetos, seu tamanho, velocidade e outras variáveis. Os dados podem ser utlizados para construir um mapa 3D da região de interesse, inclusive do interior de uma floresta, o que é muito interessante para o trabalho da Isabella.

Para saber mais sobre o trabalho da Isabella, você pode conferir aqui a dissertação de mestrado apresentada no Programa de Pós-graduação em Ecologia da USP.